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‘O mundo desenhado pelos homens destruiu muitas coisas’

  • Foto do escritor: Mayane Humeniuk
    Mayane Humeniuk
  • 24 de nov. de 2021
  • 3 min de leitura

Mudanças climáticas são um problema feminista - por Alex Bruce-Smith



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“O mundo feito por homens destruiu muitas coisas. O mundo deveria começar a pensar como mulheres. Se ele fosse feito para elas, acabaria com a violência contra mulheres e crianças.”


Essas foram as palavras poderosas de Angela Ponce, diretora executiva da Autoridade Plurinacional pela Mãe Terra na Bolívia. Ela estava discursando na delegação COP26, em Glasgow, onde líderes mundiais e ativistas passaram o dia falando sobre igualdade de gênero em termos de mudanças climáticas.


“Nós queremos estar nos corredores do poder e participar das decisões em nível internacional para acabar com essa dificuldade de justiça climática,” Ponce continuou, conforme o The Guardian.


“Como mulheres indígenas, vivemos no dia-a-dia a realidade cruel das mudanças climáticas em nossa terra.”


Não é que as mudanças climáticas sejam sexistas. (É um fenômeno, não uma pessoa.) No entanto, as mudanças climáticas não têm neutralidade entre os gêneros: elas desproporcionalmente afetam mulheres e meninas, principalmente mulheres pobres.


Um relatório das Nações Unidas mostrou que 80% das pessoas tiradas de suas casas pelas mudanças climáticas são mulheres, enquanto isso, 2 milhões de mulheres e crianças morrem prematuramente todo dia por doenças causadas pela poluição do ar em lugares fechados - principalmente pela fumaça criada ao cozinharem com combustíveis sólidos.


Para te dar outro exemplo: 70% das estimadas 227.898 pessoas que morreram no devastador tsunami de 2004 eram mulheres, porque elas estavam presas em suas casas, enquanto os homens estavam fora. “Esse tsunami em particular não teve nenhuma ligação descoberta com as mudanças climáticas, mas o aquecimento global pode causar tsunamis “catastróficos” no futuro.)


Então sim, mudanças climáticas são um problema feminista. As estruturas de poder que tiram o poder da mulher - seja sendo donos de terras ou governando um país - são os mesmos que farão as mulheres pagarem sua dívida injusta pelo aquecimento global.


O outro lado? As mulheres também estão na linha de frente do movimento climático. Uma dessas mulheres é Jo Dodds, que quase perdeu sua casa em Bega, no Estado de New South Wales (Austrália), na queimada de 2018, que queimou outras 69 casas. Essa quase perda foi o chamado para acordar para os impactos muito reais das mudanças climáticas na comunidade australiana; ela é hoje a presidente da Sobreviventes de Queimadas pela Ação Climática.



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“Nós estamos demandando um futuro melhor para TODAS as pessoas através da transição para um mundo pós-combustível fóssil.” Dodds contou à Marie Claire via email, de Glasgow, onde está endereçada a cúpula da COP26.


“Você não pode desenvolver esse futuro através das grandes negociações políticas nos níveis mais altos do governo, sem antes construir a sorte de movimentos populares de base que nós estamos vendo as mulheres e meninas criarem.”


“Uma das imagens marcantes da COP26 foi a foto de todos os líderes mundiais que participaram, o que incluía só um punhado de mulheres,” a CEO do Conselho Climático Amanda Mckenzie contou à Marie Claire.


“Em contraste, a maioria dos mais efetivos agitadores para a mudança são mulheres, como Greta Thunberg, Jane Goodall e Christiana Figueres. Eu acho que mulheres constantemente trazem à tona um estilo diferente de liderança, que é sobre unir as pessoas, ouvir, ter menos ego e governar de trás. Essas habilidades são essenciais em um ambiente político que vem sendo constantemente atormentado por ganância e ideologias escondidas.”


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